Durante as subidas a tensão na corrente é bem grande, por isso ao mudar
surgem barulhos.
Sempre é interessante antever as mudanças de marcha antes
das subidas.
Se não puder evitá-las deve-se no mínimo aliviar a pressão nos
pedais para facilitar a mudança.
Nos melhores componentes isso será feito em
meia pedalada, nos mais simples pode levar até 3 pedaladas completas.
O câmbio dianteiro sofre mais do que o traseiro nas mudanças sobre pressão por
uma questão lógica: o descarrilhamento é feito na parte tensionada da
corrente, enquanto na traseira o descarrilhamento ocorre na parte frouxa da
corrente.
Na dianteira, por mais top que sejam os componentes irá fazer um
barulho grande e longo, na traseira o barulho é um clique de um único dente
estralando.
Não se deve dar meia volta pra trás nos pedais durante a
cambiada, pois o câmbio estará fora da posição engatada na catraca/coroa,
causando descarrilhamento contrário e/ou danos à transmissão.
Pedale para
frente, se possível force um pouco os pedais para ganhar inércia
(velocidade) e poder aliviar o pé durante o momento da mudança de marcha.
Quanto mais avançado for o sistema de câmbio, com aquelas ranhuras nas
catracas, corrente e coroas, dentes mais baixos que outros, recortados para
dentro e para fora, além daquelas rampas arrebitadas/fresadas nos
componentes, mais fácil será a troca sobre essas condições.
E aí não tem jeito: esses "badulaques" só estão presentes na alta gama, GERALMENTE acima
da linha Shimano Alivio. Por exemplo: existem correntes com tratamento de
teflon que deslizam melhor em seus movimentos laterais (cambiar).
Também os tratamentos superficiais de níquel presente nos cassetes e corrente e os
cabos teflonados de um XTR auxiliam um pouco.
É sempre importante ter a melhor regulagem possível dos câmbios, pois
estes são feitos de uma maneira que não há apenas uma regulagem correta, mas
sim uma GAMA, uma AMPLITUDE de ajustes que irão funcionar.
Dentro dessa
amplitude irá ter um ajuste que pode ser considerado o MAIS CORRETO. Um
câmbio novo terá uma grande amplitude de ajustes que ficarão o.k., um câmbio
velho terá a amplitude reduzida até o dia em que nenhum ajuste mais será
satisfatório.
Aí é que entra o ponto: a gama de um Deore, XT ou XTR é
infinitamente maior que de um câmbio TY... e isso irá refletir na
durabilidade total dos componentes.
A questão é o quanto de tempo pode uma
peça te dar uma performance satisfatória.
Mesmo quando uma peça apresenta um
desgaste se pode fazer uma regulagem compensatória: se a mola de retorno
está "cansada" podemos regular o câmbio com uma descida de marchas
facilitadas. Logicamente será pior do que um câmbio zero, mas dá pra levar
um tempo assim.
Aos que se perguntam, o que upgradar, minhas dicas de
precisão/benefício:
1o. - Faça upgrade nas alavancas de câmbio. A maior diferença está aqui,
compre a melhor que conseguir.
2o. - Upgrade nos cabos e conduítes, estes sendo sempre do tipo rígido com
fios transversais, não espiralados. Conduítes de cabo de câmbio são
diferentes dos de freio, ao cortar vê-se vários fios retos e não uma mola.
Cabos de teflon ajudam bastante. Ah! E mande cortar o conduíte que entra no
câmbio traseiro com um tamanho GRANDE. Não pode haver nenhuma curva
acentuada nos conduítes, devem entrar em seus suportes sempre paralelos. De
tanto em tanto o que entra no câmbio traseiro precisa ser cortado pois a
ponta se amassa. Por isso deixe-o grande e vá reduzindo com o tempo.
3o. - Upgrade no cassete. Normalmente os cassetes Alivio/Deore representam o
máximo de tecnologia disponível em mudança, acima deles só varia peso.
3o. - Upgrade na corrente. Procure uma corrente da mesma marca do cassete,
parece bobagem, mas funciona muito melhor os componentes casados, foram
projetados um para o outro.
4o. - Upgrade no câmbio dianteiro, os que pegam "por baixo" são mais
duráveis e fáceis de ajustar. Algumas bikes com tubos de selim grossos
(34,9mm) apresentam problemas inerentes ao desenho do quadro e necessitam de
uma caixa de centro com eixo mais largo para resolver esse tipo de problema.
5o. - Faça upgrade na coroa. O LX tem todas as funções do XTR, só que pesa
mais.
6o - Upgrade no câmbio traseiro. Último lugar para dar o upgrade, a não ser
que o teu original seja muito destoante do resto da bike. Os de alumínio
(Alivio pra cima) apresentam pouca diferença além do peso.
Abraço,
Marcelo Iannini
Texto enviado por Marcelo Iannini para a lista de discussão do Rebas do Cerrado em 22Nov2006