LUTO REBAS:
Perdemos um amigo de verdade.
Walter Graneiro, em 08 de novembro de 2007.
Faltam as palavras, sobram os sentimentos, um grande desconforto é o que todos nós temos vivido desde o dia que o nosso amigo de verdade Walter se foi.
É desconforto porque é imensa a tristeza, é forte a frustração por não termos tido acesso a nada...nada para mudar o rumo desta história, é impotência porque não dá para descrever com palavras o que esta figuraça de “gente” representou em nosso meio.
Pessoalmente conheci o Waltão, como o tratava, em 2004.
Veio para o Rebas a convite do Manu, que na época dividia a Coordenação com o saudoso e querido Bob e Marcelino.
Discreto e sereno se aproximou, se disponibilizou de imediato para o Grupo e expressou rapidinho a sua originalidade.
No começo era sóbrio, pasmem gente, sóbrio mesmo, até no vestuário. Mas só no começinho, aos poucos a sobriedade deu lugar para a leveza no vestuário e no contato com as pessoas.
Era como se ele tivesse encontrado um lugar para dar vazão a tudo o que ele tinha de “moleque” guardado dentro de si.
Assim, com muito entusiasmo, ele aderiu a todas as nossas brincadeiras dominicais, aos poucos foi transformando o fundão da trilha, em o que carinhosamente instituiu por cozinha.
O fundão tinha uma função, que até hoje vigora, a de apoio e estímulo aos novatos.
O Walter, acrescentou também a função de lugar agradável e divertido. Aquela função que a cozinha tem em casa de família unida.
Sim, era muito engraçado ouvir o Walter distribuir ao longo da trilha pelo rádio, as notícias da cozinha.
Ele simulava as mais diversas iguarias, de doces, sucos, até churrasco, sanduíches sofisticados, algodão doce...enfim, sobrava imaginação e bom humor.
Aos poucos foi mobilizando adeptos e a cozinha do Rebas durante um bom tempo foi o lugar mais freqüentado.
Chegou então um momento, em que ele não se continha em esperar até domingo para encontrar a turma para pedalar.
Nesta época, Bob e Marcelino estimularam a figuraça do nosso amigo a fundar um grupo de asfalto.
Nasceu o PNDF.
Quem acompanhou viu despertar uma invenção original, ao mesmo tempo em que levava uma proposta muito séria e empenhada de estímulo ao ciclismo. Tinha os mesmos princípios do Rebas com a tônica toda especial e divertida do nosso amigo.
Este Grupo cresceu sob a sua batuta, mas de forma muito independente e autônoma.
O Walter tinha a sabedoria de delegar para os adeptos a condução da noite de pedal.
De segunda à sexta, nunca mais ninguém ficou sem pedalar à noite nesta Cidade.
O seu envolvimento com o Grupo Rebas, com o PNDF e com ciclismo de Brasília contempla tantas, diferentes e belas situações que seria necessário um livro com fases históricas para darmos conta de tratar todos os seus trunfos e contribuições para o ciclismo, e também a alegria e felicidade que propiciou às pessoas com as quais conviveu.
Realmente, quem conviveu com o nosso amigo teve o privilégio de conhecer uma pessoa superior, iluminada e da mais alta qualidade.
Serenidade, sensatez, inteligência, equilíbrio, determinação, tolerância e benevolência são, em minha opinião, as qualidades que expressam o jeito Walter de ser. A alegria e o bom humor, os seus combustíveis mais marcantes.
Vamos com certeza ficar para sempre com a herança que este nosso amigo nos deixou.
Os pedais em Brasília nunca serão os mesmos sem ele, mas certamente, a sua influência ficou na cultura dos Grupos por onde passou.
Ele agregou, acrescentou, valorizou, alguns aspectos que levávamos com muito empenho no Rebas do Cerrado.
Esperamos que juntamente com o nosso querido Bob, idealizador dos princípios Rebas, o nosso amigo nos proteja e mande sempre os bons fluídos das sementinhas que os dois plantaram em momentos distintos no ciclismo de Brasília.
Que se cuidem os anjinhos que esta dupla promete!!!
Com amor e saudades...
Janice A.S. Pereira
Coordenação do Rebas do Cerrado.