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Depoimentos


Autor: Ricardo Tavares(Curupas)
Data: 08Mai2006
Assunto: Superando Limites III
Fonte: E-mail

Título: Superando Limites III-Eita vicio desgramado

Bem, eu havia me decidido a não escrever mais essas crônicas...muita gente não gosta, eu entre eles há há há...mas eu não resisti e lá vai mais uma leva de bobagens pra vocês, minha visão mais do que bastante pessoal do SL III.

Eu sugiro que não leiam, apaguem e preseverm suas almas e seu precioso tempo :o)

Para aqueles que mesmo avisados resolverem ler...favor não reclamar depois...

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Os viciados, os descontrolados, os malucos, os sem noção, todos aqueles que oscilam entre duas tentações, são provavelmente como eu.

Caramba. Onde tem uma bicicleta lá estou eu...Curupas...você precisa se controlar, tem outras coisas por aí, um barzinho, um camping...dormir!! Entre outras atividades muito boas, inenarráveis nesse horário e nesse canal.

Certo! Não vou ao superando limites, minha camisa é meio velhinha, já conheço o trecho, o horário de largada é uma coisa de psicopata e ta muito caro...vou passear no parque.

Tenho dito.

Claro que eu precisava de apoio emocional pra fazer isso. Não é fácil não. Contava (como sempre) com os meus amigos, os bródi. Eles não iriam também. Ninguém vai. Pronto. Chega desse negócio de superar limites. Tenho mais o que fazer.

Ahhh...Aí eu soube que a minha brother Tatiana dos Anjos iria pro SL III, isso mancomunada com uma galera de pretensos amigos (uma lista grande de traidores que eu não vou me dignar a reproduzir aqui).

Mas eu resistiria bravamente. Não iria sucumbir. Era preciso, excesso de bike. Resistir...resistir...

Não pedalar. Trilha feia. Poeira chata. Matinho fedido. Não vou, não vou....

Dia 03/05. 14:00hs. Voltei do almoço, abri meu email e foi como um golpe baixo em uma luta de boxe. Um cara completamente sem coração estava liquidando uma inscrição pro SL III quase pela metade do preço. Diabólico mesmo. Eu não teria sido tão baixo.

Fui praticamente obrigado a comprar aquela inscrição. Ainda liguei pro Marcus (ele mesmo, o sem vergonha), esperançoso, torcendo pra ele já ter vendido a inscrição. Que nada. Ele me disse "na verdade não"...

E assim...

22:30 do dia 06/05. O inferno mais uma vez. Um ano depois minha vida repete-se...

Após ter arrumado, desarrumado e re-arrumado umas 658 vezes minha mochila e a bike, finalmente me deitei pra dormir.

Enrolado nos lençóis, no escuro...dorme...dorme...dorme

Nada. Ouço o suspiro do meu cachorrinho Dart (um Golden Retriever mais que carente). Ele está cutucando a porta do meu quarto com a pata.

O sono não vem. Os ruídos parecem avolumar-se. Pingos no banheiro. A vizinha resmungando no andar de baixo. Alguém sacudindo as chaves no estacionamento.

Dorme desgraçado!!

Nada

Meia noite eu levantei. Arrumei mais umas dez vezes minha mochila e fui pro carro em direção ao ponto de encontro no VIP Park.

Eita! Eu iria cair da bike, de tanto sono.

Engraçado, aqui vai um contra-ponto com o SL II (ano passado). Cheguei no estacionamento das vans e achei todo mundo tão quieto. Tinha um pessoal mais bagunceiro no SL II...devem ter sido presos, pensei. Percebi nessa hora que alguns dos piores elementos do mountain bike não iriam pedalar o SL III, por isso a tranqüilidade.

Fiquei com medo...há há há há...em quem eu colocaria a culpa de alguma possível bagunça que, sem querer, eu fizesse?

Resolvi me comportar. Tava meio chateado porque agora que eu estava nessa roubada de ficar a noite toda acordado e depois ainda ter que pedalar no meio do mato mais algumas horas comendo banana e poeira, também, minha namoradinha, queridinha, cheirosa, macia, sorridente, calorosa, elétrica, engraçada, inteligente, etc.. (ahh média boa que eu fiz agora)....não veio :o(, eu estava prestes a ser o mountain biker mais carente, sozinho e desconsolado do SL III, ai ai...

É claro que eu fui com o meu breteli rosa-macho. Por que andar que nem um urubuzinho em cima da bike, onde está escrito isso? :oPPP. Engraçado como essa cor parece mexer com as mentes de alguns mountain bikers. Um psicólogo iria ganhar uma grana forte no meio. O próximo breteli vai ser laranja, ha ha ha...

Acho que é uma reação de tribo. Tem a tribo dos que usam camelbak e a dos q não usam. A tribo dos que arrancam na frente e a dos que vão atrás, a tribo da SRAM e a tribo Shimano. Dos Tioga e dos Maxxis, a tribo dos que dividem o mundo em preto-branco e a tribo dos que acreditam que existam mais nuances, etc.

E tem a minha tribo. A tribo que acha isso tudo engraçado.

E sem a menor importância.

O importante é pedalar.

E foi dada a largada.

Na semana anterior participei dos 70Km de Ceilândia gripado. Meu batimento na hora da largada era 132. Quase morri por lá.

Ainda estava um pouco gripado, mas estava me sentindo bem melhor. Meu batimento na largada do SL III foi 74, seis acima do meu batimento de repouso usual. Iríamos ver, mas não iria me matar. Nem iria querer por pra fora minhas vísceras como quase cheguei a fazer na Ceilândia.

Eu havia me proposto a acompanhar algumas amigas durante o pedal pra Pirinópolis, na boa, conversando e aproveitando o pedal, por causa disso eu esperei passar a quase totalidade da galera de forma a poder procurar as camaradas, mas não vi nenhuma delas então eu subi na bike e tentei alcançar o primeiro pelotão que já havia se distanciado de mim quase um quilômetro quando eu larguei.

O primeiro pelotão de largada era composto por cerca de 20 bikers, eu os perdi de vista na entrada do PC1 (saindo do asfalto). Sem problemas, eu iria tentar manter a média geral entre 18 e 20Km/h que havia me proposto no começo do pedal com três paradas de cinco minutos nos PAs. Isso me colocaria em Corumbá as 10:52-11:16, 3:52-4:16 horas de pedal. Como eu disse, não iria me matar pedalando.

Considerando a quantidade de apoio disponibilizada ao longo do percurso e o clima, levei apenas uma garrafa de 750ml contendo hydroplus que eu recompletaria a cada PA (quatro saches de hydroplus). Em cada PA eu também beberia 300-400 ml de água pura e comeria uma tangerina e uma banana. Levei 5 power-gel, 3 para a primeira parte do pedal. Essa estratégia se mostrou funcional mesmo considerando o fato de que eu não vi o PA1 (mas havia uma espécie de PA adicional alguns quilômetros para a frente).

Devido a estratégia de manter uma velocidade média (baixa) o melhor possível eu acabei pedalando a maior parte do tempo sozinho prensado entre dois pelotões que flutuavam seus bikers ao redor de mim.

Vou contar algumas coisas pra vocês de como é pedalar sozinho, na cozinha, no meio ou no primeiro pelote. Talvez vocês se espantem com as minhas conclusões.

Ali, atravessando aqueles corredores, espécie de túneis entre uma realidade e outra, entre o que você é o que você deseja em cada momento e mediado pela realidade que te é imposta e nem sempre acontecendo do jeito que você imaginava, é onde acontece a verdadeira superação do seu limite, mental e emocional, a batalha mais dura entre todas...você versus você...e não é tão fácil ganhar de você mesmo...

(continua depois :oP)

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